Conflito Israel-Hamas: Exército israelense diz ter cercado Cidade de Gaza em meio ao ‘auge’ do conflito com avanço de ofensiva por terra
Crédito, MOHAMMED SABER/EPA-EFE/REX/Shutterstock
Ruas desertas e destruídas na Cidade de Gaza nesta quinta-feira (02)
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) disseram que os soldados estão envolvidos em combates corpo a corpo com combatentes do Hamas que estão realizando ataques a partir de túneis.
Mais cedo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o país está no “auge da batalha”.
A equipes da BBC relataram a ocorrência de cinco combates terrestres entre Israel e o Hamas no norte de Gaza na quinta-feira.
Pelo menos 20 pessoas teriam sido mortas em uma escola após ataques aéreos ao campo de refugiados de Jabalia, segundo a ONU, enquanto uma criança teria sido morta em uma escola transformada em abrigo no campo de refugiados de Beach.
As autoridades do Hamas em Gaza culparam Israel pelos ataques aéreos. A IDF ainda não comentou oficialmente sobre o assunto.
Israel lançou uma ofensiva terrestre em Gaza na semana passada — desde então, militares vinham se deslocando lentamente em direção à Cidade de Gaza, que é a capital do território palestino.
Enquanto isso, o Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas, informou que o número de mortos na Faixa de Gaza desde 7 de outubro superou 9 mil.
O ministério disse que, desse total de mortos, 3.760 eram crianças; além disso, foram contabilizados 32 mil feridos.
Israel vem realizando bombardeios e ofensivas militares em Gaza desde 7 de outubro, quando o Hamas atacou várias partes do país, principalmente ao sul.
Na ocasião, segundo autoridades israelenses, 1,4 mil pessoas morreram. Além disso, o país calcula que 242 pessoas seguem mantidas pelo Hamas como reféns, incluindo crianças e idosos.
Em paralelo à ofensiva terrestre, Israel segue lançando ataques aéreos contra o território palestino.
Os militares israelenses dizem que têm como alvo a infraestrutura do Hamas, incluindo túneis subterrâneos e lançadores de foguetes.
Especialistas da ONU fizeram apelos por um cessar-fogo humanitário em Gaza, dizendo que o tempo está se esgotando para o povo palestino, que se encontra em “grave risco de genocídio”.
“A situação em Gaza atingiu um ponto catastrófico”, afirmaram, alertando que a proibição da entrada de combustível em Gaza e a interrupção do abastecimento de água significavam que as pessoas tinham pouco acesso a água potável.
“A água é essencial para a vida humana e, hoje, 2 milhões de habitantes de Gaza lutam para encontrar água potável”, afirmaram.
A missão israelense na ONU em Genebra classificou os comentários como “deploráveis e profundamente preocupantes” e culpou o Hamas pelas mortes de civis.

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Segundo o Hamas, ataque ao campo de Jabalia deixou 1.000 pessoas mortas, feridas ou desaparecidas.
Resgate de feridos
Vários cidadãos estrangeiros conseguiram deixar Gaza depois da passagem de Rafah com o Egipto ter sido aberta pelo segundo dia.
A passagem foi liberada pela primeira vez na quarta-feira (1/11) para que os feridos no conflito pudessem cruzá-la.
O Egito montou um hospital de campanha na Península do Sinai para receber feridos de Gaza.
Mas a organização Médicos Sem Fronteiras afirma que mais de 20 mil feridos permanecem no território palestino.
O embaixador de Israel na Alemanha pediu aos países estrangeiros que enviassem navios-hospitais para o Egito.
Ron Prosor disse que eles seriam usados para tratar palestinos feridos que entrassem no Egito vindos da Faixa de Gaza.
Em uma entrevista à Kan, emissora pública de Israel, elequem é acrescentou: “Ainda não sei se isso está acontecendo. Pedimos isso. Suponho que esteja sendo discutido. Há uma tendência, aqui na Europa, para ajudar em questões humanitárias de qualquer maneira possível.”
Na semana passada, a França disse que iria enviar um navio para o Mediterrâneo oriental para “apoiar os hospitais de Gaza”.
Estrangeiros também tiveram permissão para deixar o território rumo ao Egito.
Diplomatas de mais de 30 países vêm fazendo lobby junto aos governos do Egito e de Israel para incluir seus cidadãos na lista de quem pode atravessar a fronteira.
Pelo segundo dia consecutivo, o Brasil não faz parte dessa lista. Um grupo de 34 pessoas aguarda a liberação para deixar a região. São 24 brasileiros e 10 palestinos que estão em processo ou darão início à imigração ao Brasil.
Já o Bahrein se tornou o primeiro dos quatros países da Liga Árabe que reconheceram Israel em 2020 a romper laços econômicos e chamar de volta seu embaixador no país devido à ofensiva militar israelense em Gaza.
O embaixador de Israel no Bahrein também deixou o país.
As relações entre Bahrein e Israel cresceram consideravelmente desde que os dois países estabeleceram laços diplomáticos com o apoio dos EUA.
Na ocasião, isso foi visto como um grande avanço na desescalada do conflito árabe-israelense de décadas.
Na quarta-feira, a Bolívia anunciou que também cortou relações com Israel.
Já a Jordânia, país com o qual Israel faz fronteira, chamou de volta seu embaixador no país, assim como Chile e Colômbia.