- Author, Julia Braun
- Role, Da BBC Brasil em Londres
O furacão Milton atingiu a Flórida na noite de quarta-feira (9/10) e na madrugada desta quinta-feira (10/10), trazendo tornados, inundações e o risco de mais tempestades ao sul dos Estados Unidos.
Milton chegou a ser um furacão de categoria cinco (a mais grave) — foi rebaixado para categoria 1, mas ainda está causando estragos.
Ele está atingindo a Flórida duas semanas depois que o furacão Helene matou pelo menos 225 pessoas no mesmo Estado, além de Geórgia, Carolina do Sul, Tennessee, Virgínia e Carolina do Norte (este é o Estado mais afetado).
E ao mesmo tempo que a Flórida sofre as consequências do Milton, uma segunda tempestade que se formou no Atlântico foi elevada para um furacão de categoria 2: Leslie.
Segundo os últimos alertas emitidos pelo Centro Nacional de Furacões, ele se encontra próximo às Pequenas Antilhas, mas deve ver sua força diminuir nos próximos dias.
E como se não bastasse os dois furacãos, uma outra tempestade – Kirk – termina sua passagem pela Europa.
Ela começou como um furacão no meio do Atlântico Norte, mas foi rebaixada para tempestade antes de passar por Portugal, Espanha e França provocando fortes ventos e chuvas.
Diante de tantos eventos climáticos extremos nas últimas semanas, muitas pessoas passaram a se perguntar se existem diferenças entre furacões, tornados, ciclones, tufões e tempestades.
Entenda, a seguir, qual a definição de cada um desses eventos.
Furacão, ciclone e tufão
Tratam-se do mesmo tipo de tempestade: giratórias e alimentadas por ar quente. O nome científico dado para todas elas é ciclone tropical.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), os ciclones tropicais têm núcleo ou centro de baixa pressão, são quentes, muito profundos e se estendem da superfície até as camadas mais superiores da atmosfera
Essas tempestades trazem ventos muito fortes e muita chuva. Podem ter centenas de quilômetros de diâmetro e durar alguns dias.
A diferença entre furacão, tufão e ciclone, porém, é definida pelo local do globo onde o fenômeno se forma.
Os ciclones tropicais que se formam na região do Caribe ou da América do Norte são conhecidos como furacões.
Aqueles que se formam no Extremo Oriente, perto de lugares como China e Japão, são conhecidos como tufões, e aqueles que se formam no Oceano Índico são chamados apenas de ciclones.
Além disso, se um ciclone tropical se forma acima ou ao norte da linha do Equador, ele gira no sentido anti-horário. Se ele se forma abaixo ou ao sul do Equador, ele gira no sentido horário.
Isso tudo ocorre por causa da maneira como a Terra gira em seu eixo.
Tornado
Os tornados têm uma escala horizontal cerca de mil vezes menor do que os furacões, tufões e ciclones.
Além disso, furacões e ciclones tropicais se formam em circunstâncias diferentes e têm impactos diferentes na atmosfera, segundo a Nasa, a agência espacial do governo americano.
O diâmetro dos tornados raramente varia geralmente de alguns metros a cerca de um quilômetro. Já um furacão, por exemplo, costuma ser bem maior e possui “diâmetros que podem se estender até 1.600 quilômetros”, diz a Nasa.
A velocidade dos ventos de um tornado pode atingir entre 150 e 500 quilômetros por hora e causar estragos, mas eles geralmente duram apenas alguns minutos e raramente viajam mais do que 20 ou 30 quilômetros ao longo do solo.
Furacões, por outro lado, podem viajar milhares de quilômetros e persistir por vários dias ou semanas.
O furacão Kirk foi rebaixado para tempestade tropical nos últimos dias.
Por tempestades tropicais, os meteorologistas se referem a ciclones tropicais em que as intensidades de vento médio têm entre os 62 e 118 km/h.
A partir de 119 km/h, as tempestades já passam a ser classificadas como furacão, ciclone ou tufão, a depender do local onde se formou.
Mas há uma diferença entre as tempestades tropicais e as extratropicais.
A diferença é importante, pois os sistemas tropicais têm o potencial de se transformar rapidamente em furacões (ou ciclones e tufões), enquanto as tempestades extratropicais ou subtropicais não.
As tempestades extratropicais têm ar frio em seu núcleo e derivam sua energia da liberação de energia potencial quando massas de ar frio e quente interagem. Elas podem ocorrer sobre terra ou oceano.
As extratropicais são mais comuns no Brasil, segundo o INMET. “Ocorrem durante todo o ano, mas a frequência maior acontece no inverno”, diz o instituto brasileiro.
E assim como os furacões, ciclones e tufões, as tempestades tropicais têm núcleo ou centro de baixa pressão quente e muito profundo.
Existem ainda as tempestades subtropicais. Elas normalmente tem um centro de circulação grande e sem nuvens, com atividade de tempestade muito pesada em uma faixa pelo menos 160 quilômetros do centro.
A diferença entre uma tempestade subtropical e uma tempestade tropical não é tão importante quanto aos ventos que elas podem gerar, mas tempestades tropicais geram mais chuva, explica o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos.
Já um sistema de tempestade pós-tropical é um ciclone que perdeu suas características tropicais, mas ainda mantém uma organização significativa para produzir chuvas intensas e ventos fortes.