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Os primeiros reféns israelenses libertados foram entregues pelo Hamas à Cruz Vermelha, após cessar-fogo em Gaza entrar em vigor neste domingo (19/1), às 11h15 do horário local (6h15 do horário de Brasília), depois de 15 meses de conflito e um atraso de três horas em relação à hora de início originalmente prevista.
Os nomes ainda não foram confirmados após a libertação, mas, mais cedo, o Hamas havia divulgado os nomes das três mulheres que diz que seriam as primeiras a serem libertadas: Doron Steinbrecher, de 31 anos, Emily Damari, de 28, e Romi Gonen, de 24.
Ainda segundo o Hamas, 30 prisioneiros palestinos serão libertados das prisões israelenses a cada refém israelense libertado.
O início do cessar-fogo

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O acordo prevê que os ataques entre Israel e o Hamas parem e que os reféns israelenses detidos pelo Hamas sejam libertados, por fases, em troca de prisioneiros palestinos mantidos em prisões em Israel (leia mais detalhes abaixo).
A confirmação sobre o início do cessar-fogo foi dada pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após ser compartilhada a lista dos 33 reféns israelenses que serão libertados pelo Hamas como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo.
Em troca, 1.890 prisioneiros palestinos serão libertados por Israel, segundo divulgou o Ministério das Relações Exteriores do Egito, país que desempenhou um papel significativo na mediação entre Israel e Hamas e reiterou seu compromisso com a implementação do acordo de cessar-fogo.
O cessar-fogo deveria ter começado às 8h30 de domingo (horário local), mas Israel adiou o início faltando menos de uma hora, depois que o Hamas não cedeu a lista de reféns a tempo — o Hamas disse que isso ocorreu “devido a razões técnicas de campo”.
Antes, até a entrada em vigor do cessar-fogo, Israel continuou a realizar ataques em Gaza e pelo menos 19 mortes ocorreram, segundo a agência de defesa civil dirigida pelo Hamas.
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Renúncia de ministros em Israel
O partido de direita radical Poder Judeu anunciou que está deixando a coalizão de governo israelense em protesto contra o acordo de cessar-fogo.
A saída deixa o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu com uma maioria parlamentar mínima para governar.
Com a retirada da sigla, os ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, junto com Yitzhak Wasserlauf (ministro do Desenvolvimento da Periferia) e Amichai Eliyahu (ministro do Patrimônio de Israel), apresentaram suas cartas de renúncia na manhã deste domingo.
Ben-Gvir vinha sendo um opositor declarado do acordo de cessar-fogo, defendendo que Israel continue sua operação militar contra o Hamas em Gaza.
Em carta enviada a Netanyahu para anunciar sua renúncia, Ben-Gvir afirmou que não tentará derrubar o governo, mas chamou o acordo de cessar-fogo de uma “vitória completa para o terrorismo”.
O que o acordo de cessar-fogo prevê
O acordo, intermediado pelos Estados Unidos e pelo Catar, é dividido em três fases, com objetivos distintos e escalonados.
Na primeira fase, que entrou em vigor neste domingo e terá duração de seis semanas, 33 reféns, incluindo mulheres, crianças e idosos, serão libertados em troca de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
Paralelamente, as forças israelenses devem recuar para o leste, afastando-se das áreas mais densamente povoadas de Gaza. Esse movimento permitirá que palestinos deslocados comecem a retornar às suas casas, interrompendo temporariamente o conflito direto em áreas urbanas.
Além disso, está prevista a entrada diária de centenas de caminhões de ajuda humanitária no território palestino, aliviando a grave crise humanitária na região.

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A segunda fase do acordo será marcada por novas negociações para a libertação dos reféns restantes. Esse período também incluirá o recuo total das tropas israelenses em Gaza e esforços para alcançar uma “calma sustentável”.
A expectativa é que essa etapa estabeleça as bases para um acordo mais duradouro, evitando a retomada imediata do conflito armado.
Por fim, a terceira e última fase focará no retorno dos restos mortais de quaisquer reféns que não sobreviveram ao cativeiro.
Além disso, será iniciada a reconstrução de Gaza, o que inclui a restauração de infraestrutura essencial e assistência às famílias afetadas pela destruição.
Esse processo, no entanto, pode levar anos, considerando a magnitude dos danos causados pelo conflito.
O Hamas atacou Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e levando 251 de volta para Gaza como reféns.
O ataque desencadeou uma enorme ofensiva israelense em Gaza, durante a qual mais de 46.800 palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.