- Author, Georgina Rannard
- Role, Repórter de Ciência da BBC
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Uma nova descoberta revelou que o polo sul da Lua foi coberto por um oceano de rocha derretida no passado, de acordo com cientistas.
Essas evidências apoiam a teoria de que o magma formou a superfície lunar há cerca de 4,5 bilhões de anos.
Os vestígios desse oceano foram encontrados pela missão Chandrayaan-3 da Índia, que pousou no polo sul da Lua em agosto de 2023.
Essa missão explorou uma região isolada e pouco conhecida da Lua, onde nenhuma outra sonda havia pousado antes.
As descobertas reforçam a teoria do Oceano de Magma Lunar, que sugere que a Lua, ao se formar, começou a esfriar. Durante esse processo, um mineral mais leve, chamado anortosito ferroano — ou rocha derretida, subiu à superfície e formou a crosta lunar.
A equipe de cientistas por trás dessa descoberta encontrou evidências desse mineral no polo sul lunar.
“O entendimento sobre a evolução inicial da Lua se torna muito mais sólido com as nossas observações”, afirmou Santosh Vadawale, do Laboratório de Pesquisa Física da Índia, coautor do artigo publicado na revista científica Nature.
Antes da missão indiana, as principais evidências de oceanos de magma na Lua vinham de áreas de latitude média, estudadas durante o programa Apollo.
A missão Chandrayaan-3 foi um marco histórico para a Índia.
O professor Vadawale e sua equipe estavam no controle da missão enquanto o módulo de pouso Vikram realizava a primeira descida suave no polo sul lunar.
Após o pouso, o rover Pragyaan, que fazia parte da missão, explorou a região por 10 dias, coletando dados valiosos a 70 graus de latitude sul.
O rover, projetado para suportar variações extremas de temperatura, também era capaz de tomar decisões autônomas para navegar pela superfície irregular e empoeirada da Lua.
Pragyaan utilizou um espectrômetro de raios X de partículas alfa para realizar 23 medições.
Esse instrumento excita átomos e analisa a energia resultante para identificar os minerais presentes no solo lunar.
Além das evidências de magma, os cientistas também identificaram sinais de um grande impacto de meteorito na região há cerca de 4 bilhões de anos.
Esse impacto provavelmente formou a bacia Polo Sul–Aitken, uma das maiores crateras do sistema solar, com 2.500 km de diâmetro.
‘Momentos emocionantes’
A bacia está localizada a aproximadamente 350 km da área explorada pelo rover Pragyaan.
Os cientistas detectaram a presença de magnésio, que acreditam ter sido lançado das camadas mais profundas da Lua durante o impacto do meteorito.
“Esse impacto de um asteroide teria expelido material de uma parte mais profunda da Lua”, explicou o professor Anil Bhardwaj, diretor do Laboratório de Pesquisa Física da Índia.
As descobertas são apenas uma parte dos dados científicos coletados pela missão Chandrayaan-3, que também busca descobrir gelo de água no polo sul lunar.
Se confirmada, essa descoberta pode transformar os planos das agências espaciais de estabelecer uma base humana na Lua.
A Índia já planeja outra missão à Lua, prevista para 2025 ou 2026, com o objetivo de coletar amostras da superfície lunar e trazê-las de volta à Terra para análise.